Pede-se
a uma criança.
Desenhe
uma flor!
Dá-se-lhe
papel e lápis,
A
criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado
algum tempo o papel esta cheio de linhas,
Umas
numa direção, outras noutra;
Umas
mais carregadas outras mais leves;
Umas
mais fáceis, outras mais custosas.
A
criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu.
Outras
eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.
Depois
a criança vem mostrar essas linhas ás pessoas: uma flor!
As
pessoas não acham parecidas essas linhas com as de uma flor!
Contudo,
a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do
coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a
criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas.
Talvez
as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas as linhas
com que Deus faz uma flor !
Almada Negreiros
“ A Flor “
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