Cimas
ao Crepúsculo
Eu
quero uma existência fulgurante;
Mover-me
livre sobre o livre céu!
Quero
a glória épica de Dante
E os
amores sublimes de Romeu...
Eu
quero lapidar diamantinos versos
E
engastá-los no bisel desta paixão;
Transmigrar
para outros universos,
Regressar
a teus pés com devoção...
Eu
quero dedicar-me ao sacerdócio
A
que se devotou Luís Pasteur.
Não
dar trégua, um só momento de ócio,
Ao
morbus, à epidemia e ao malheur.
E
também, por capricho, gostaria
De
ser um fanático dervixe!
Transcendente
oração eu rezaria
Aos
teus olhos – minha Meca! - de azeviche..
Eu
quero, numa cisma singular,
Conceber,
nas vastidões do crânio,
A
fórmula ideal p'ra me tornar
Omnipresente,
multímodo, instantâneo!
E
surgir, sob as formas mais diversas,
Em
vários tempos, muitas latitudes!
Ser
Cambises à frente dos seus Persas
E S.
Francisco, espelho de virtudes!
Eu
quero uma existência que transcenda
O
Deve-Haver, os secos-e-molhados,
O
florir obsceno da comenda
Nos
peitos de algodão enchumaçados...
E o
que mais queria, ó lusitana raça,
Quando
da vida me fosse por uma vez,
Era
ser, na histórica Alcobaça,
O
jacente Pedro ao pé de Inês!
Alexandre
O’Neill, Poesia Reunida
Trabalho - aqui

Sem comentários:
Enviar um comentário