NO REINO DO PACHECO
Às duas
por três nascemos,
às duas
por três morremos.
E a
vida? Não a vivemos.
Querer
viver (deixai-nos rir!)
seria
muito exigir...
Vida
mental? Com certeza!
Vida por
detrás da testa
será
tudo o que nos resta?
Uma
ideia é uma ideia
- e até
parece nossa! -
mas quem
viu uma andorinha
a puxar
uma carroça?
Se à
ideia não se der
O braço
que ela pedir,
a ideia,
por melhor
que ela
seja ou queira ser,
não será
mais que bolor,
pão
abstracto ou mulher
sem
amor!
Às duas
por três nascemos,
às duas
por três morremos.
E a
vida? Não a vivemos.
Neste reino de Pacheco
- do que
era todo testa,
do que
já nada dizia,
e só
sorria, sorria,
do que
nunca disse nada
a não
ser para a galeria,
que
também não o ouvia,
do que,
por detrás da testa,
tinha a
testa luzidia,
neste
reino de Pacheco,
ó meus
senhores que nos resta
senão ir
aos maus costumes,
às
redundâncias, bem-pensâncias,
com
alfinetes e lumes,
fazer
rebentar a besta,
pô-las
de pernas pró ar?
Por
isso, aqui, acolá
tudo
pode acontecer,
que as
ideias saem fora
da testa
de cada qual
para que
a vida não seja
só
mentira, só mental
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