domingo, 10 de fevereiro de 2013

N._10.º_n.º 6








O Soldado Morto

Os infinitos céus fitam seu rosto
Absoluto e cego
E a brisa agora beija a sua boca
Que nunca mais há-de beijar ninguém.

Tem as duas mãos côncavas ainda
De possessão de impulso de promessa
Dos seus ombros desprende-se uma espera
Que dividida na tarde se dispersa.

E a luz, as horas, as colinas
São como pranto, em volta do seu rosto
Porque foi ele jogado e foi perdido
E no céu passam aves repentinas.

Sofia de Mello Breyner Andresen



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