sábado, 9 de fevereiro de 2013

H._10.º_n.º 5








Ver claro

Toda a poesia é luminosa,
 até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.



Eugénio de Andrade, Os Sulcos da Sede

Sem comentários: